Antigo zoológico de MOC vai abrigar animais silvestres

Considerada uma das principais rotas de tráfico de animais silvestres, Montes Claros vai abrigar uma nova unidade do Centro de Triagem (Cetas). Atualmente, as apreensões são encaminhadas para o posto do Ibama na cidade, cuja estrutura já não é mais suficiente.

O centro será instalado no espaço onde funcionava o antigo zoológico de Montes Claros, fechado desde 2017, no início do primeiro mandato do prefeito Humberto Souto.

Cortada por várias rodovias que fazem a ligação entre vários estados brasileiros, Montes Claros concentra um grande número de apreensões de animais vítimas do tráfico.

Mas as ocorrências não ocorrem apenas na cidade. Nas regiões de Januária, São Francisco, Japonvar e onde há a divisa de fronteiras o problema se repete, com ocorrências que envolvem, em sua maioria, os psitacídeos (papagaios, araras, maritacas e periquitos).

Em 2020, o Cetas registrou apreensões de 962 aves, 87 recolhimentos e 71 entregas voluntárias. Com relação aos mamíferos, foram três apreensões, 42 recolhimentos e cinco entregas voluntárias. Já os répteis representaram dez apreensões, 26 recolhimentos e 14 entregas voluntárias. O órgão não tem os dados deste ano.

Além da unidade em Montes Claros, o Cetas está presente nas cidades de Belo Horizonte, Divinópolis, Juiz de Fora e Patos de Minas.
 
ACORDO
A criação do espaço é resultado de um Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental firmado pela Sada Bioenergia e Agricultura Ltda, no âmbito do licenciamento ambiental, com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente das Bacias dos Rios Verde Grande e Pardo. 

O acordo celebrado entre município e Estado prevê a concessão de cerca de 20 mil metros quadrados do espaço ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) por 25 anos, em regime de comodato. 

Técnicos do IEF e da Sada, equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e a supervisora da Unidade Regional de Florestas e Biodiversidade (URFBio) Norte, Margarete Caires, estiveram no antigo Zoológico nesta semana para realizar uma vistoria. A previsão é a de que as obras comecem ainda em novembro deste ano.
 
COMO FUNCIONA
O Cetas irá abrigar animais silvestres capturados, resgatados ou entregues, vindos de locais inapropriados, como áreas urbanas ou o cativeiro. No Centro de Triagem eles passarão por recuperação, no caso de estarem machucados, e por triagem, para serem catalogados e identificados antes de serem devolvidos à natureza.

O local será importante para a preservação de diversos animais em risco de extinção e terá mais espaço para os estudos e cuidados dos bichos.

Segundo a analista ambiental do Cetas Montes Claros, Osmarina Aparecida Souza Santos, os animais em condições de soltura são encaminhados para fazendas cadastradas e aprovadas no Projeto Asas – Áreas de Soltura de Animais Silvestres e retornam para natureza.

“Os que não estão aptos para soltura são destinados a empreendimentos de uso e manejo de fauna silvestre, zoológicos, mantenedores, criadouro conservacionista”, explica.

Triste liderança
Minas Gerais é considerado líder no tráfico de animais no Brasil. E a região Norte, por ser o segundo entroncamento rodoviário do país, coloca Montes Claros como primeiro em tráfico de espécies silvestres, ligando o Norte e Nordeste ao Sudeste do Brasil.

“Não existe uma legislação específica para o tráfico de animais, mas as situações de caça, transporte e apanha são inseridas nos crimes referentes a fauna. Trabalhamos com ações preventivas e temos as operações programadas para períodos específicos”, afirma o sargento Marques, da Seção de Planejamento da 11ª Cia de Polícia Ambiental, sediada em Montes Claros e responsável por 77 municípios da região.

Segundo ele, a pena para estes crimes varia de três meses a um ano de detenção e a multa é a partir de R$ 2.950 por animal. No caso de uma espécie em extinção, essa multa pode chegar a R$ 13 mil.Nova unidade do Cetas será construída para receber e tratar espécies.

Fonte: O Norte