Mulher viu, chamou a polícia e levou cadela para pet shop por não haver veterinária em Capitão Enéas. Vizinho negou, foi ouvido e liberado. Inquérito foi instaurado: “Como é um crime de menor potencial ofensivo, não impõe prisão mas a penalidade será definida pelo juiz”, diz delegada.
Um homem de 67 anos foi detido suspeito de matar a cachorra da vizinha com um tiro de espingarda de pressão, em Capitão Enéas, no Norte de Minas. A dona da cachorra, da raça pinscher, disse que viu quando o homem fez o disparo, nesta quarta-feira (27) e, desesperada, ao ver Pipoca ferida, decidiu chamar a polícia.
“Eu gritei e fiquei sem saber o que fazer porque ela estava sentido muita dor. Resolvi chamar a polícia porque isso foi um crime. Eu estava costurando em frente à minha janela e escutei a cachorrinha latindo. Quando eu levantei para chamá-la pela janela, eu vi ele atirando com uma espingarda. Ela foi baleada na barriga, saiu latindo e veio correndo para o quintal”, conta Rosângela Maria da Silva.
O animal estava em um lote vago que fica entre as duas casas. Segundo a Rosângela, a cachorra sempre ia ao local porque um dos filhotes dela foi doado para o vizinho.
“A primeira gestação da Pipoca foi há cinco meses, nasceram seis filhotes e doamos um para ele. Pipoca ficava presa, mas sempre que eu soltava ela ia para o lado da casa do vizinho porque esse filhote dela está lá, mas ela nunca entrou na casa, só ficava rodando lá perto. Ele atirou de maldade. Na época da doação nós éramos amigos, mas depois ele se desentendeu com o meu marido”
O homem foi encaminhado à delegacia de Polícia Civil de Francisco Sá e foi liberado após assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).
“Ele foi ouvido e negou ter atirado no animal. Instauramos um inquérito para investigar o caso e o suspeito vai responder em liberdade por maus-tratos de animais. Como é um crime de menor potencial ofensivo, não impõe prisão, mas a penalidade será definida pelo juiz”, esclareceu a delegada Juliana Graice Guedes. A espingarda foi apreendida e será encaminhada à perícia.
A cachorrinha foi ferida por volta de 12h30 e morreu às 23h. A tutora explicou que na cidade não tem veterinário e, por isso, ela buscou ajuda em um pet shop.
“Procurei o dono do pet shop e ele deu uma injeção para aliviar a dor, mas aí ela não aguentou e morreu à noite. Depois, conseguimos encontrar uma pessoa que retirou o chumbinho da barriga dela e entregamos o material na delegacia”, diz.
Alegria da casa
A cachorrinha da raça pinscher tinha três anos e estava com a família há um ano. Ela era a alegria da casa e a fiel companheira de Rosângela.
“Meu marido trabalha como taxista e Pipoca era sempre minha companhia, era como se fosse uma filha. Me apeguei muito com ela, onde eu ia ela ia atrás. Nós ficávamos o dia todo sozinhas e ela adorava pular no meu colo”, relembra.
Nos finais de semana, o marido de Rosângela ficava em casa e costuma deitar na área para brincar com a cachorrinha.
“Ela sempre gostava de deitar do meu lado e nós ficávamos brincando. Pipoca era a minha vida, a alegria da minha casa. Não estou conseguindo nem comer de tanta tristeza”, conta Wladimir Emerson, que não consegue segurar as lágrimas.
A cachorrinha foi enterrada nesta quinta em um matagal perto da casa da família.
Por G1 Grande Minas