Montes Claros conta com uma população canina estimada em mais de 66 mil animais (incluindo os da zona rural), cinco por cento deles abandonados pelas ruas da cidade. Número que aumenta a cada dia e que preocupa o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), sobretudo pelo fato de o órgão se ver impotente para combater o problema por força da lei. Em 2014, foi aprovado uma norma que proíbe a apreensão de cães abandonados, ou “cães de rua”, a não ser que o município assegure procedimentos como sua castração, microcipagem (colocação de um chip no animal), vermifugação, vacinação contra raiva e tratamento (no caso de atropelamento), serviços que o município oferecerá a partir da instalação de um Centro de Castração, que já possui projeto concluído e que funcionará junto às dependências do CCZ.
Para atender às exigências da lei, enquanto busca incentivos para as obras do Centro de Castração, a administração municipal já realizou dois processos de “chamamento público”, em dezembro do ano passado e janeiro de 2015, com o objetivo de cadastrar clínicas da cidade aptas a prestarem o serviço que garanta a apreensão dos animais pelo CCZ. No entanto, de acordo com a Vigilância Sanitária, nas duas oportunidades nenhuma delas apareceu – por não atenderem aos requisitos, não possuindo alvará Sanitário e tampouco do Corpo de Bombeiros, além de não terem o CND – Certificado Negativo de Débito, que é emitido pelo Estado e por pelo menos cinco municípios mineiros.
“Essas clínicas, na verdade, funcionam como um pet-shop”, informa Edvaldo de Freitas, coordenador de Saneamento e Controle de Zoonoses. Segundo ele, face à lei – e à ausência de estrutura especial das clínicas – não pôde ser apreendido pelo órgão um cão de rua sequer em 2015, o que fez aumentar o seu número pela cidade. Aumento que, segundo ele, deve-se, sobretudo, à irresponsabilidade de pessoas que os adotam e depois desistem de sua criação, abandonando-os pelas ruas da cidade, muitas vezes confundindo um ataque de carrapatos ou de pulgas com uma doença grave.
Edvaldo explica ainda que muitos donos de cães nem mesmo procuram informações de veterinários, até mesmo com o CCZ, sobre o real problema que acomete o animal, e decidem por deixá-los à própria sorte pelas ruas. Uma irresponsabilidade que o CCZ tenta combater com palestras em escolas de Montes Claros, buscando conscientizar os estudantes da necessidade de se criar os animais com humanidade. “Os estudantes são sensíveis a essa questão e eles se tornam um multiplicador dessa campanha de conscientização”, conclui Edvaldo de Freitas.