Moradores do São Geraldo II afirmam que há outros pacientes no local; Hospital Universitário diz que número de atendimentos cresceu cerca de 71,9% neste ano.
O Centro de Controle de Zoonoses de Montes Claros (CCZ) afirmou nesta quinta-feira (22) que o município registrou duas mortes por leishmaniose visceral humana em 2017. As vítimas, segundo o órgão, foram idosos do Bairro São Geraldo II e da comunidade de Madacaru, na zona rural. O CCZ afirma que ao todo, 14 casos suspeitos são investigados na cidade. Em 2016 também ocorreram dois óbitos por leishmaniose na cidade.
Os dados reforçam o temor dos moradores do Bairro São Geraldo II. A população canina nas ruas do bairro também é um fator que aumenta a preocupação, de acordo com os moradores. Diante do cenário, eles afirmam que não é difícil encontrar moradores que já foram acometidos pela doença. Uma das vítimas foi o pequeno Anthony Davi, de apenas 10 meses. A mãe dele, a autônoma Thamires Soares Santos, conta que os primeiros sintomas surgiram junto à febre intensa e constante.
“Ele estava há mais de três dias com febre. Levei ao médico que percebeu que o baço estava inchado e pediu um ultrassom, que confirmou o inchaço. Logo fui encaminhada ao Hospital Universitário e ele ficou 11 dias por lá”, afirma.
Thamires diz ainda que o filho recebeu alta hospitalar nessa terça-feira (20), mas ainda fica temerosa devido à quantidade de animais soltos nas ruas do bairro. “Graças a Deus está tudo bem com ele. Agora, vejo que tem muitos animais soltos na rua e não vejo nenhuma ação para recolhimento destes animais”, lamenta.
De acordo com o presidente da Associação de Moradores do bairro, Valmir Cardoso Santana, a doença já causou a morte de uma moradora, confirmada pelo CCZ. “Aqui tem muitos cachorros soltos nas ruas. O problema maior é que a doença já provocou o falecimento de uma senhora aqui. Agentes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) fizeram um apanhado nas casas, mas não retornaram ainda”.
Balanço e controle
O Hospital Universitário Clemente de Faria (HU) é referência no tratamento da doença na região. Os números registrados pelo hospital entre 1º de janeiro e esta quarta-feira, 21 de junho, apontam que 196 pessoas foram atendidas com a doença. Estes atendimentos representam um número 71,9% maior que o mesmo período de 2016, quando foram registrados pelo hospital 114 pacientes com a doença.
A prefeitura em Montes Claros confirmou que o CCZ fez coleta de amostras de sangue de cachorros do bairro, “assim como realizou em pontos da cidade”. A prefeitura confirma também que parte dos exames coletados testaram positivo para a leishmaniose visceral, e alguns destes animais já foram recolhidos.
“A outra pequena parcela dos animais que tiveram o resultado de leishmaniose positivo, serão recolhidos nos próximos dias, tendo em vista que a equipe do CCZ atende toda a cidade”, diz a nota.