Encontro atualiza profissionais sobre Leishmaniose no Norte de Minas

Phlebotomus papatasi

A Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros (SRS) realizou, na terça-feira (6/6), Encontro de Atualização em Leishmaniose Tegumentar, reunindo médicos dos 53 municípios que compõem a sua área de atuação. Pela manhã, no auditório do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), o evento contou com a participação de profissionais de 52 municípios. À tarde, participaram do evento médicos que atuam nas equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) em Montes Claros, em hospitais e instituições de ensino superior.

Coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica, Ambiental e de Saúde do Trabalhador da SRS de Montes Claros, Josianne Dias Gusmão ressaltou a importância do encontro, lembrando aos médicos que o alinhamento de informações entre os profissionais, já que a identificação de casos da doença, notificação e acompanhamento do tratamento são fatores fundamentais para evitar a ocorrência de óbitos.

A coordenadora observou que a troca de informações e experiências entre os profissionais dos núcleos municipais de atenção primária à saúde, vigilância epidemiológica e ambiental também são fatores importantes no sentido de conter o avanço da leishmaniose tegumentar numa região endêmica como é o caso do Norte de Minas. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde registrou, em 2016, a ocorrência de 119 notificações de leishmaniose tegumentar no Norte de Minas. Já entre janeiro e maio deste ano na região norte-mineira foram notificados 36 casos da doença.

“É preciso que os profissionais de saúde atualizem os conhecimentos quanto ao perfil epidemiológico do Norte de Minas a fim de que, por meio da atuação de equipes multiprofissionais de saúde haja condições de a população ser orientada a adotar as medidas preventivas necessárias para evitar a doença e, se for o caso, que o encaminhamento dos pacientes para tratamento ocorra em tempo hábil para se evitar sequelas ou mesmo a ocorrência de óbitos”, observou Josianne Gusmão.

Médica-infectologista do HUCF, Cláudia Biscotto apresentou o Manual de Vigilância da Leishmaniose Tegumentar 2017, elaborado pelo Ministério da Saúde. O objetivo é que o manual se constitua num instrumento de orientação da prática individual e coletiva, bem como para a sustentação dos processos de capacitação dos profissionais de saúde na busca do aperfeiçoamento das ações visando o manejo adequado do paciente.

Cláudia Biscotto lembrou que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a leishmaniose tegumentar como uma das seis doenças infecciosas mais importantes do mundo, pelo fato de produzir deformidades nos pacientes que não são tratados da forma adequada em tempo hábil.

A médica observou ainda que nos últimos 10 anos foram notificados 26 mil casos de leishmaniose tegumentar no País, doença que está associada a regiões onde ocorre agressão ao meio ambiente, seja devido à construção de barragens, estradas e pontes, desma-tamento e implantação de condomínios residenciais em regiões silvestres.

No encontro, foram abordadas ainda questões relativas aos procedimentos que devem ser adotados pelos profissionais de saúde para as notificações de casos de leishmaniose; o fluxo de assistência ao paciente e as medidas que devem ser adotadas visando à liberação de medicamentos para tratamento por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Doença de cães e humanos

A Leishmaniose é uma doença que pode acometer cães e humanos, é causada por diferentes espécies do protozoário denominado Leishmania, a partir da picada do mosquito palha (Flebotomíneos) – vetor presente na região de Sorocaba.

A doença se apresenta em dois tipos, sendo a Leishmaniose Tegumentar Americana caracterizada pelas lesões cutâneas, que ocorrem geralmente em áreas do corpo expostas à picada do mosquito. Já a Leishmaniose Visceral é a forma considerada mais grave, por causar aumento de órgãos como baço e fígado e, se não tratada no início, pode evoluir ocasionando, por exemplo, emagrecimento e alterações no sangue como anemia, queda dos glóbulos brancos e plaquetas. Com esse quadro, o paciente torna-se suscetível a outras infecções, podendo morrer.