Os dirigentes ambientais de Minas Gerais ficaram perplexos com o relatório da ‘V Expedição Caminho dos Gerais’, que identificou os danos ambientais no Norte de Minas. O secretario-adjunto de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad), Germano Luiz Gomes Vieira, recebeu a comitiva comandada pelo secretário municipal de Meio Ambiente de Montes Claros, Paulo Ribeiro, quando anunciou que estarão criando o Parque Estadual de Botumirim e ampliando a área do Parque Estadual Veredas do Peruaçu, negociando a desapropriação com pessoas que tem dívidas com o Estado.
A reunião em Belo Horizonte contou com as presenças a presidente do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marília Carvalho de Melo, e Walter Viana, responsável pela fiscalização ambiental na Superintendência de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Norte de Minas (Supram-Norte), quando traçou um quadro assustador da situação hídrica na região. “O consumo é muito maior que a oferta, o que está provocando o secamento das fontes”, informou. Ele estima que somente no perímetro urbano de Montes Claros foram abertos mais de 10 mil poços.
No caso do plantio do eucalipto na área do semiárido o principal fator de deterioração dos recursos hídricos, com rebaixamento do nível freático em meio metro por ano. De acordo com estudo coordenado por Viana, a cultura consome 230 litros de água por metro quadrado a mais que o Cerrado, por área plantada. Walter Viana é autor de tese de doutorado sobre o acelerado processo de desertificação no Norte de Minas. A Semad ficou de negociar com as reflorestadoras uma saída para essa situação, pois os ambientalistas pediram a proibição de plantar eucalipto na área do semiárido.
A pesquisadora em ecologia pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Maria das Dores Magalhães, informou que as áreas úmidas (veredas) estão altamente impactadas pelos efeitos da escassez hídrica e baixa umidade do lençol freático, o que já provocou o desaparecimento de 50 delas somente neste ano. Outras estão em processo irreversível de extinção. Ela estima que se nada for feito em três anos não haverá mais veredas na região do Vale do Peruaçu, entre os municípios de Januária e Itacarambi.