Família de tuins reaproveita casa de joão-de-barro para viver em Montes Claros

Ambientalista flagrou família em momento descontraído — Foto: Eduardo Gomes/Arquivo Pessoal

Ninho foi construído em um poste de iluminação pública; analista ambiental afirma que animais não enxergam limites em busca de condições para sobreviverem.

Família de tuins invade ninho de joão-de-barro. Os chamados periquitinhos aproveitaram da casa que já estava pronta para firmar moradia. Parece história de livro infantil, mas de fato aconteceu em Montes Claros, no Norte de Minas. O ambientalista Eduardo Gomes flagrou o momento em que a família se encontrava bem à vontade no novo lar, que fica bem em um poste de iluminação.

Gomes explica que na natureza é comum o reaproveitamento de ninhos. “Geralmente, estas aves escavam madeiras, barrancos, grutas para fazerem seus ninhos. Neste caso já encontraram um pronto. O ninho do joão-de-barro é o mais bem feito entre as aves”.

Segundo o analista ambiental do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), Daniel Felipe Dias, o tuim é expert em aproveitar o ninho alheio. “É natural o aproveitamento de ninhos no reino animal. O tuim é um dos espertões que usam ninho de joão-de-barro, mas não é o único, tem vários outros. Natural também é a ocorrência desses animais em cidades. Na verdade os animais não enxergam limites”.

Dias explica ainda que se o ambiente oferecer condições necessárias para ele sobreviver, os animais vivem tranquilamente em ambientes urbanos. “O tuim e outros psitacídeos, como periquito de encontro amarelo e periquitão maracanã, se dão muito bem em cidades. Eles se alimentam de frutos e flores. E como utilizamos muito em arborização urbana, acaba atraindo eles a viverem na cidade”.

Os periquitinhos não são os únicos animais silvestres que se atraem por áreas urbanas. Somente no ano de 2018, de acordo com dados do 7º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar, foram registradas 204 ocorrências de capturas de animais silvestres no Norte de Minas. Em Montes Claros foram 140 capturas.

“A maioria destas ocorrências são para capturar saruês e serpentes, que são os animais que as pessoas têm maior aversão. Atendemos também ocorrências para resgate de aves. Em igrejas é comum encontrar corujas devido ao pé direito destes prédios serem mais altos”, explica o assessor de comunicação do 7º BBM, Dilson Veloso.

Tuins saem na frente no quesito reaproveitamento de ninhos — Foto: Eduardo Gomes/Arquivo Pessoal

O menor psitacídeo

O tuim (Forpus xanthopterygius) é o menor psitacídeo do Brasil. Mede 12 centímetros de comprimento e pesa, em média, 25 gramas. A diferença entre macho e fêmea é percebida pela grande área azul na asa do macho.

Esta espécie procura o alimento tanto nas copas das árvores mais altas, como em arbustos frutíferos, sendo atraído pelas mangueiras, jabuticabeiras, goiabeiras, laranjeiras e mamoeiros.

Na época reprodutiva, nidifica em ocos de árvores ou em ninhos vazios de joão-de-barro e de pica-paus pequenos.

Fonte: G1 Grande Minas