Uma lei municipal que poucos montes-clarenses conhecem é a de n° 3.216, de autoria da ex-vereadora Fátima Pereira, que obriga o uso de focinheira em cães de grande porte, aqueles considerados de raças “perigosas”, como é o caso dos pit-bull, rottweiler, box, entre outras.
A lei é de 2004, porém poucos donos colocam a proteção no animal quando saem com ele para a rua, o que amedronta dezenas de pessoas que fazem caminhadas, especialmente nas avenidas Deputado Esteves Rodrigues (Av. Sanitária) e Correia Machado (que dá acesso ao shopping Ibituruna).
A norma estabelece regras de segurança para a condução destes animais, como a utilização de coleira, guia curta de condução, enforcador e focinheira, exceto para cães que são utilizados pelas polícias Civil, Militar ou Federal ou cães-guias usados por deficientes visuais.
PARA TODOS OS CÃES
O empresário Geraldo Pereira é criador da raça pit-bull. Ele pontua que é de extrema importância o uso dos acessórios de segurança quando coloca o cachorro em contato com outras pessoas e até mesmo com outros animais.
– Acredito que todo proprietário sabe dessa importância, porém nem todos usam a focinheira. Acho que essa lei deveria valer para todas as raças, não só para cães grandes, uma vez que existem cães que atacam e são pequenos – ressalta o empresário.
Hoje, além da cicatriz, a estudante Beatriz Silva também carrega o trauma em relação a cachorros. Ela foi atacada por um quando estava chegando à sua casa. O cão (vira-lata) ficava solto pelas ruas. Os donos do animal, em vez de socorrer a estudante atacada, começaram a caçoar da situação.
– Me senti humilhada, pois, enquanto estava sentindo dor e sangrando, os donos começaram a rir de mim. Hoje tenho trauma de cachorro, até os meus eu tive que doar porque não consigo ficar no mesmo espaço que eles. E aqui em Montes Claros é muito difícil encontrar um cão com focinheira, principalmente quando a gente faz caminhada – pontua a estudante.
PERSEGUIÇÃO
Ana Luísa Ruas tem uma rottweiler e afirma que não encontrou uma focinheira que coubesse na cachorra Frida. Ela ainda diz que proprietários de cães de raças consideradas “perigosas” sofrem discriminação e são até agredidos verbalmente por várias pessoas.
– Entendo a necessidade do uso da proteção, pois resguarda tanto as pessoas, quanto os donos. Mas é difícil achar uma focinheira que caiba em cachorro muito grande. Amigos meus também têm essa dificuldade. Já procuramos na cidade e não encontramos o produto nem mesmo por encomenda – afirma.
Ainda de acordo com a lei, o proprietário que não cumpri-la pagará multa no valor de 10 Ufirs (Unidade Fiscal de Referência), equivalente a aproximadamente R$ 20. Qualquer pessoa pode denunciar o descumprimento da norma, chamando a Polícia Militar.