Lei que proíbe eutanásia esbarra na falta de canis para animais de rua, em Montes Claros

Uma lei sancionada no início do ano pelo Governo do Estado pôs fim, no papel, a uma grande luta do Movimento Mineiro pelos Direitos Animais. A lei 2197/2016, proíbe o extermínio de cães e gatos para fins de controle, e determina que esses animais de rua que estejam saudáveis, sejam castrados, vermifugados, vacinados e entregue para adoção. Em Montes Claros, protetores dos animais questionam que esse trabalho não tem sido colocado totalmente em prática na cidade, especialmente no que se diz ao incentivo a adoção desses bichinhos.

Cerca de dez mil animais estão abandonados pelas ruas de Montes Claros. Desde junho deste ano, o CCZ colocou em prática o trabalho de controle demográfico da população canina e felina que vive nas ruas da cidade com ações como procedimentos de castração dos animais. De acordo com dados do Centro de Controle de Zoonoses, de junho a setembro, 216 caninos foram capturados para a realização de exames. Desse número, 56 cadelas e 97 cachorros foram castrados.

Segundo o coordenador do CCZ, Edvaldo Freitas, os animais recolhidos além de serem vacinados, eles recebem um microchip de identificação. E que os animais só são sacrificados, em caso de doenças sem cura, como o caso das 28 fêmeas e os 35 machos caninos que tiveram que ser sacrificados, porque estavam contaminados pela Leishmaniose visceral (Calazar), comprovado por exame.

As ações foram elogiadas pelas ONGs de proteção, mas o que tem sido questionado é que, após tais procedimentos, o CCZ não faz o trabalho de divulgação sobre adoção dos bichos que, muitas vezes, são devolvidos ao local de origem, por não existir canis suficientes para abrigá-los, já que as entidades que executam esse trabalho de forma voluntária, também já estão superlotadas de cães e gatos.

Cecília Meireles explica que o Apelo Canino e outras ONGs de proteção aos animais estão se reunindo com a coordenação do CCZ, para propor campanhas de estimulo à adoção dos animais já tratados pela entidade, com o objetivo de minimizar o crescente problema da superpopulação e abandono. “Entendemos que depois de castrado e vacinado, esse animal não pode voltar para o local de origem, porque ele continua correndo o risco de ser contaminado pela Leishmaniose e outras doenças. Ele precisa de um lar”, enfatiza.

Umas das diretoras do Apelo Canino, Ivana Lima, explica que a ideia é promover uma parceria entre as entidades protetoras e o CCZ, feiras de adoção que aconteçam todos os sábados, para que o grande número de animais apreendidos tenha a oportunidade de serem adotados. “O projeto foi muito bem aceito pelo CCZ, o que nos deixa muito felizes, agora o desafio é colocar em prática”.

Ivana destaca ainda que o CCZ tenha desenvolvido um importante trabalho no controle dos animais, apesar do pouco recurso oferecido pela prefeitura municipal. E que o grande problema está na falta de estrutura do órgão. “A entidade trabalha dentro do que a lei estabelece, a não ser pela questão de incentivo a adoção. Essa limitação não é culpa da diretoria do Centro de Controle, que tem trabalhado da melhor maneira que podem, mas sim da falta de interesse do executivo em investir mais recursos para o desenvolvimento desses trabalhos”, enfatiza.

Durante uma audiência pública que tratou sobre a proteção dos animais, realizada em dezembro de 2015, o prefeito afastado Ruy Muniz, falou sobre o processo de controle de natalidade de cães e gatos e assinou a homologação de um processo licitatório que selecionou a empresa que seria responsável pela construção de Centro de Castração Municipal, que também seria usado como abrigo para os animais tratados, até a adoção.

Na ocasião, Muniz afirmou que já havia sido realizada uma licitação onde foram selecionadas empresas para a castração de 4 mil animais. “Agora, assino neste momento a homologação do edital para a construção de um Centro Municipal de Castração, conforme compromisso que havia estabelecido”, afirmou. Porém, quase dez meses após a assinatura, o recurso para a construção do Centro ainda não foi liberado. O que justifica os animais serem devolvidos ao local de origem.

“A conclusão desse Centro de Controle, seria uma grande conquista para a cidade, e ajudaria muito a solucionar o problema da falta de espaço para abrigar esses animais”, destaca Ivana.

A reportagem do Jornal Gazeta entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura (ascom) para saber o motivo que impediu o início da construção do Centro de Castração, e se existem projetos para incentivar a adoção de animais de rua na cidade. Mas, até o fechamento desta edição, a prefeitura não havia respondido a solicitação.

Fonte: Gazeta Norte Mineira