Em contato com O NORTE, na manhã desta terça-feira, 30, a chefe do Centro de controle de Zoonoses, Marilia Fonseca Rocha revelou que atualmente a população canina da cidade ultrapassa 50 mil. Afirmou que a população em geral, especialmente a que tem esse animal em casa, deve ter cuidados quanto a leishmaniose visceral – ou calazar.
“Em 2004, foram detectados na cidade 68 casos desta doença em humanos. Em 2005, 50. Em 2006, 37, e em 2007, 26 casos. Neste ano de 2008 tivemos 19. Portanto, diante do trabalho que o Centro de controle de Zoonoses vem desenvolvendo, aconteceu uma diminuição significativa da leishmaniose visceral humana a partir de 2005.”
SETORES
Marília Fonseca explica que a cidade foi dividida em 19 setores, onde se intensificou o trabalho de visitas domiciliares, tendo como objetivo realizar o trabalho de combate nas residências.
“Temos realizado o trabalho de visitas domiciliares. Contudo, é importante que as ações individuais sejam tomadas, como, por exemplo, a limpeza dos quintais, uma vez que diferentemente do mosquito transmissor da dengue, o da leishmaniose visceral se propaga na terra, por isso entendemos que ele seja um inseto e não um mosquito. É importante também que se faça a todo instante a recolha das fezes dos animais, pois o grande vilão do calazar não é o cão propriamente dito, mas, sim o inseto.”
RISCO
Marilia Fonseca Rocha frisa que de cada 100 cães que passam pelo exame, seis estão infectados. Explica que a doença tem uma evolução lenta.
Revela ainda que foram realizadas na última quinta-feira, visitas em 300 domicílios no bairro Nossa Senhora de Fátima, que pode ser considerado uma região de risco da doença, tanto em cães como em humanos.
Garante que a leishmaniose visceral humana em termos de números está sob controle na cidade, mas que, no entanto, para o combate à visceral canina, o trabalho continua em toda cidade objetivando a redução em termos de números.
“Outros cuidados, como a compra de coleira que tem efeito repelente também possibilita o controle da doença, além da poda de árvores que pode favorecer a luz solar que mata as larvas do inseto.”
PORTARIA
Outra importante medida que cabe ser divulgada é a que proíbe o tratamento de leishmaniose visceral canina com produtos de uso humano, ou não registrados no ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Esta portaria tem o número 1.426, de 11 de julho de 2008. Foi feita em conjunto entre ministério da Saúde e da Agricultura. É uma medida que se torna necessária porque garante segurança ao animal.
O QUE É
A leishmaniose é uma doença não contagiosa causada por parasitas (protozoário leishmania) que invadem e se reproduzem dentro das células que fazem parte do sistema imunológico (macrófagos) da pessoa infectada.
Esta doença pode se manifestar de duas formas: leishmaniose tegumentar ou cutânea e a leishmaniose visceral ou calazar.
A leishmaniose tegumentar ou cutânea é caracterizada por lesões na pele, podendo também afetar nariz, boca e garganta (esta forma é conhecida como ferida brava). A visceral ou calazar, é uma doença sistêmica, pois afeta vários órgãos, sendo que os mais acometidos são o fígado, baço e medula óssea. Sua evolução é longa podendo, em alguns casos, até ultrapassar o período de um ano.
CUIDADOS
- Uso de mosquiteiros: impede parcialmente o flebótomo (passa pela maioria das telas).
- Borrifação da casa (interior/exterior) e dos anexos (galinheiros, currais, banheiros externos etc.) com inseticida: é caro; necessita de aplicadores e equipamentos adequados e os prejuízos em longo prazo não são conhecidos.
- Limpeza do terreno: deve ser feita, pois diminui os criadouros dos mosquitos. Deve se evitar restos de lixo em locais úmidos e sombreados.
- Criação de animais de sangue quente: deve ser evitada (flebótomos tem predileção por galinha, cavalo e burro). É medida de difícil aplicação. Apreensão e eliminação de cães de rua: deve ser feita pelos órgãos públicos, pois cães vadios, em locais com calazar, costumam estar 5 a 10 vezes mais infectados do que cães domiciliados.
- Criação de cães: deve ser evitada. Animais de raças contraem tanto quanto os vira-latas estejam bem ou mal cuidados pelos donos. É ilusão achar que se está protegido porque o cão dorme no quintal ou no canil. Telar a casa do cachorro também não impossibilita a entrada dos flebótomos.
Pedir às crianças que não toquem em seus cães. Pode ser mais higiênico, mas não altera em nada a transmissão do calazar.
Fonte: O Norte