A violência contra animais domésticos está diretamente relacionada a vulnerabilidades familiares. Em famílias em que os animais de companhia sofrem maus tratos, há grande chance de haver abusos também contra mulheres, idosos ou crianças. Esse é o conceito central da teoria O Elo, que foi apresentada pela professora Rita de Cassia Garcia, da Universidade Federal do Paraná, à desembargadora Lenice Bodstein, coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (CEVID), numa reunião recente em Curitiba.
A professora Rita relatou ainda que os maus-tratos aos animais servem como um indicador de que algo não está em harmonia naquela família, e como um sinal de alerta para outros tipos de violência, como a negligência e abusos físicos e psicológicos contra mulheres, crianças/adolescentes e idosos. Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Austrália e vários outros países já desenvolvem trabalhos intersetoriais para o enfrentamento da violência doméstica: conselhos tutelares, órgãos policiais, secretarias municipais de saúde, assistência social e meio ambiente, entre outros, ao lado das instituições de proteção aos animais. Segundo, além das questões familiares, os maus-tratos podem servir como um indicador de futuros comportamentos criminosos, ajudando na identificação de crianças e adolescentes com problemas comportamentais antissociais.
Impressionada com os dados, a desembargadora Lenice Bodstein aceitou uma parceria entre o CEVID e a UFPR para a inclusão da temática nas campanhas de violência contra as mulheres previstas para novembro deste ano, bem como a integração do assunto em momentos específicos de capacitações e eventos que acontecerão nesse período. Foram propostas também ações para sensibilização das corregedorias, capacitação das guardas municipais e dos oficiais de justiça e juízes.
Os próximos passos serão formalizar a parceria entre as instituições e dar início às ações concretas com palestras, treinamentos e produção de material informativo.