A Polícia Federal, em parceria com o Ibama, deflagrou em Montes Claros, outras 11 cidades mineiras e também na Bahia a “Operação Ajuruetê”, que desarticulou esquema criminoso de tráfico de pássaros silvestres. Cinco pessoas foram presas, uma em São Romão e quatro em Santa Fé de Minas.
As aves eram capturadas em unidades de conservação federais, como o Parque Nacional de Boa Nova, na Bahia, e o Parque Nacional Grande Sertão Veredas, na divisa daquele estado com Minas. A venda acontecia em território baiano.
Foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão, sendo, em Minas, nas cidades de Montes Claros, Divinópolis, Chapada Gaúcha, Riachinho, São Romão, Santa Fé de Minas, Brasilândia de Minas, Contagem, Ribeirão das Neves e Belo Horizonte.
As investigações tiveram início após a prisão em flagrante de um traficante de animais silvestres em Caruaru, Pernambuco, em 2018 – as aves eram fornecidas por uma quadrilha da região sudoeste da Bahia.
Segundo a Polícia Federal, com as investigações foi confirmada a existência de uma extensa rede de traficantes de pássaros silvestres com atuação em vários estados.
De acordo com as investigações, nos últimos dez meses foram realizados sete flagrantes de tráfico com o apoio da Polícia Rodoviária Federal e do Ibama, com a apreensão de 824 pássaros, sendo a maioria papagaios, que possuem maior valor no mercado ilegal. Também foram encontrados araras e até tucanos, muitos deles filhotes.
Um dos investigados já foi preso pela própria Polícia Federal e autuado diversas vezes pelo Ibama. As multas aplicadas a esse investigado superam R$1,6 milhão.
A Polícia Federal alertou sobre a gravidade da conduta e incentiva as pessoas que possuam pássaros silvestres da fauna nativa em casa, sem caráter comercial, a fazer a entrega voluntária dos animais nas unidades da própria PF, do Ibama ou do Cetas, a fim de evitar procedimentos administrativos, policiais e judiciais.
Arrependimento
O número de animais silvestres e exóticos entregues voluntariamente aos órgãos de defesa do meio ambiente aumentou 71% em 2020 em Minas. De janeiro a julho deste ano, foram devolvidos 575 bichos ao Instituto Estadual de Florestas (IEF). No mesmo período de 2019 foram 336.
O isolamento social devido ao novo coronavírus contribuiu para o atual cenário, avalia Érika Procópio, analista ambiental do IEF e veterinária no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em BH. “Elas viram o que os animais sentem ao ficarem presos”, destacou.
Na entrega voluntária de animais, a pessoa não é punida nem precisa se identificar. Os interessados devem ligar para o IEF e agendar a entrega, pois não há busca em domicílio. A lei prevê multa, que pode chegar a R$ 5 mil, e prisão de seis meses a quem mantém ilegalmente esses animais.
Após a entrega, o IEF faz uma avaliação da saúde do animal, podendo devolvê-lo ao ambiente natural ou encaminhá-lo para espaços autorizados pelos órgãos ambientais. (Com Paulo Henrique Silva, do Hoje em Dia)