Professor da Unimontes participa de pesquisa sobre diagnóstico do calazar através da urina

Estudo durou três anos e conta com 12 autores dos Estados Unidos, África, Ásia e Europa, além do professor brasileiro; somente nos primeiros quatro meses deste ano, a unidade internou 25 pacientes.

Reportagem: G1 Grande Minas – MG Inter TV 2ª Edição

Uma pesquisa, com a participação de um professor da Universidade de Montes Claros, apontou uma nova forma de diagnóstico da leishmaniose visceral, conhecida popularmente como calazar. O estudo descobriu que através da urina é possível diagnosticar a doença com maior rapidez e segurança.

“Considero como o maior avanço em estudos sobre a leishmaniose. Além da instantaneidade, tem a segurança no resultado que não aponta falso positivo, como pode ocorrer nos métodos atuais. Se o exame revelar a doença, o tratamento pode se iniciar imediatamente”, explica o professor integrante da pesquisa, Sílvio Guimarães de Carvalho.

Atualmente, o diagnóstico da leishmaniose visceral é feito por dois métodos: a coleta de amostras na medula óssea e o sorológico, que analisa o sangue. “Este novo método se assemelha à análise sorológica. É usada uma fita de microcelulose que altera a coloração, quando em contato com a urina de uma pessoa que possua a patologia”.

A pesquisa tem a participação de 12 autores dos Estados Unidos, África, Ásia e Europa, além do brasileiro. O resultado do trabalho de três anos foi divulgado no Journal Of Clinical Microbiology. No Brasil, pacientes do Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), vinculado à Unimontes, tiveram enviadas as amostras de urina coletadas para o estudo.

“Agora estamos em fase de validação. O processo ainda não está disponível para o mercado, mas creio que é um grande passo para o tratamento da doença, e ainda pode ser a abertura para se pesquisar outras patologias”.

O Brasil é responsável por cerca de 90% dos casos de calazar em toda a América do Sul. Em Montes Claros, o Hospital Universitário é a referência para o tratamento da doença. Em 2017, quando o HU ainda recebia pacientes de outras cidades, foram atendidas 189 casos da doença. Em 2018 foram 91 internações.

Somente nos primeiros quatro meses deste ano, a unidade internou 25 pacientes. Um destes atendimentos é de um montes-clarense que não quis se identificar. Há dois meses ele descobriu a doença após uma crise de dor abdominal. “Começou com uma dor leve, mas logo aumentou muito e passei a defecar sangue. A dor era enorme. Fui levado ao hospital e tomei medicamento para dor. Depois retornei com os mesmos sintomas e já com a suspeita. Fiz o exame com amostra da medula e o resultado saiu no outro dia”.

Fonte: G1 Grande Minas