Programa de controle populacional de animais de rua é colocado em prática pelo CCZ

Protetores dos animais cobram maior trabalho de conscientização sobre o assunto

Alguns dos grandes problemas em relação a cães e gatos são o abandono e os maus tratos. Situações que se agravam com o aumento populacional, principalmente de animais de rua. O último levantamento realizado pela Secretaria municipal de saúde de Montes Claros foi feito em 2014. De acordo com a SMS, a cidade teria cerca de 10 mil cães e cinco mil gatos abandonados. Uma das soluções viáveis que poderia amenizar este problema seria a castração, evitando assim que eles continuassem a reproduzir e consequentemente gerar mais abandono.

Para fazer controle demográfico da população canina e felina que vive nas ruas da cidade, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) está realizando ações como procedimentos de castração dos animais. De acordo com dados do CCZ, de junho a setembro deste ano, 216 caninos foram capturados para a realização de exames. Desse número, 56 cadelas e 97 cachorros foram castrados. 28 fêmeas e 35 machos caninos que tiveram que ser sacrificados por estarem contaminados pela Leishmaniose visceral (Calazar).

O coordenador do CCZ, Edvaldo Freitas, explica que quase todos os animais recolhidos são vacinados, vermifugados e microchipados. Os procedimentos são executados em duas clínicas veterinárias cadastradas pelo Centro de Controle de Zoonoses.

O coordenador ressalta ainda que, o ato de microchipar os animais ajuda a identificar se um determinado animal é castrado ou não. A intenção do órgão é também fazer a identificação dos animais que mesmo tendo donos passam a maior parte do tempo, soltos nas ruas. “Montaremos um banco de dados que vai ajudar a manter esse controle”, afirma.

O coordenador explica ainda que, após tais procedimentos, os bichos passam um período de recuperação no CCZ para depois serem postos para adoção. Se não houver interesse da população, o animal é devolvido ao local onde ele foi recolhido.

Edvaldo Freitas afirma que todos os procedimentos realizados pelo órgão seguem as orientações da Lei Municipal. Os animais passam também pelo teste comprobatório de leishmaniose ou outras graves enfermidade. “Caso algum animal apresente resultado positivo, com prova e contraprova para algumas dessas doenças, é sacrificado”, ressalta Edvaldo. O laudo médico é assinado pelo veterinário do CCZ. “Passam por esse processo, também animais que estão em estado terminal”, destaca.

Mas para as ONGs de proteção aos animais, o trabalho realizado atualmente pelo CCZ, não é suficiente para solucionar o problema. A protetora Cecília Meireles, voluntária fundadora do Apelo Canino, afirma que apenas castrar não basta. É preciso, antes de tudo, educar.

“É preciso educar a comunidade para a guarda responsável desses animais. Muitos são abandonados à própria sorte nas ruas ainda filhotes ou morrem antes de conseguir um lar responsável. Os poucos que conseguem adotantes, raramente são entregues castrados, e acabam reproduzindo-se e gerando mais animais, alimentando ainda mais a realidade do abandono que parece não ter fim”, falou.

Ainda de acordo com Cecília, o trabalho de conscientização sobre o que é aLeishmaniose – principal doença que leva ao sacrifício dos animais – ainda não é realizado da forma correta em Montes Claros. “Existe uma grande preocupação a cerca das doenças transmitidas pelo Aedes aegypit, que sabemos que é muito importante. Mas a sobre o mosquito Palha e as formas de transmissão e prevenção do Calazar, é pouco ou quase nunca falado nas visitas dos agentes do CCZ nas residências”, lamenta.

Protetores do Apelo Canino e outras ONGs de proteção aos animais estão se reunindo com o CCZ, para propor campanhas de estimulo à adoção dos animais já tratados pela entidade, com o objetivo de minimizar o crescente problema da superpopulação e abandono. Os animais somente deverão ser doados castrados, eliminando assim as chances de reprodução, e os guardiões deverão ser orientados e educados para a guarda responsável e todos os cuidados que envolvem ter um animal de estimação. “Entendemos que depois de castrado e vacinado, esse animal não pode voltar para o local de origem, porque ele continua correndo o risco de ser contaminado pela Leishmaniose e outras doenças. Ele precisa de um lar. Por isso, apresentamos um projeto para a realização de feiras de adoção desses cães e gatos apreendidos”, enfatiza Cecília.

Fonte: Gazeta Norte Mineira