Resgate de cachorro evidencia situação de animais no desastre em Brumadinho

Abandonado há dois dias em uma casa cercada pelo lamaçal, um cachorro foi resgatado de helicóptero neste domingo em Brumadinho, enquanto o MP-MG (Ministério Público de Minas Gerais) publicou uma recomendação para que a Vale elabore ainda hoje um plano emergencial de localização, resgate e cuidado dos animais atingidos pelo rompimento da barragem de Mina do Córrego do Feijão.

Bombeiros faziam o reconhecimento de uma área atingida quando um deles, Leoncio Valverdes, avistou uma casa e decidiu se aproximar. Logo depois, emitiu um sinal de alerta com um assobio: um cachorro de pelo preto tinha sido encontrado preso em uma coleira de metal.

O animal estava com bastante medo e nervoso. Não tinha comida ou água, como constatou a Agência Efe.

Os bombeiros então arrebentaram a coleira e, enquanto eles procuravam um jeito de levá-lo dali, o cão conseguiu escapar. Ele deu algumas voltas, como se quisesse brincar, até que voltou para o lugar de origem, onde estavam os bombeiros, que finalmente conseguiram colocar uma toalha nos seus olhos e acalmá-lo.

Sem se conformar, Valverdes decidiu entrar na casa. Lá ele encontrou várias panelas com comida por fazer, como se as pessoas tivessem saído correndo assim que souberam do rompimento da barragem da mineradora Vale.

O bombeiro também encontrou vários pássaros vivos em gaiolas. Sem pensar duas vezes, ele começou a levá-los até o helicóptero da Polícia, que minutos antes tinha dado o alerta sobre outro cão abandonado.

“Estamos aqui com um helicóptero nos auxiliando a levar esses animais para um lugar mais seguro”, disse Valverdes.

Diante da falta de espaço no aparelho, os últimos quatro pássaros foram libertados por ordem do sargento do Corpo de Bombeiros.

O MP-MG solicitou que a Vale faça um plano para o resgate dos animais presos no lamaçal, entre eles vacas, cachorros, galinhas e até macacos.

O plano requer a composição de uma equipe técnica qualificada, além da disponibilização de equipamentos, veículos aéreos ou terrestres, e suprimentos necessários à busca, resgate e cuidados dos animais, conforme a nota divulgada no site do órgão.

Depois de dois dias da catástrofe produzida pela ruptura da barragem, as autoridades contabilizam até o momento 37 pessoas mortas e cerca de 250 desaparecidas.

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